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"Cada ESCOLA é uma escola. Cada PROFESSOR é um professor. Cada TURMA é uma turma. Cada ALUNO é um aluno.
Que bom que assim seja! Vamos por isso buscar o encontro dos nossos pontos comuns e CRESCER
com a troca do diferente de cada um de nós".

William Shakespere

sábado, 5 de fevereiro de 2011

“O professor precisa gostar de gente”

Por Carlos Eduardo de Oliveira Klebis, professor e supervisor de ensino na rede pública de Valinhos (SP)

Ser professor é uma profissão interessante. Em qualquer momento do ano, em qualquer horário do dia, em qualquer situação social, o professor é sempre o professor. Se você encontra o seu professor de dez anos atrás na rua, você espera dele uma postura de professor. Há uma expectativa em torno do professor para tudo. O professor é uma referência para o aluno, não somente dentro da sala de aula. Acho que o professor, nos intervalos das aulas, não deveria ficar numa “sala de professores”. Ali o aluno não o enxerga como alguém que tem uma relação interessante com aquilo que ele trabalha. E muitas das nossas escolhas têm a ver com essa coisa de ver alguém se envolver de tal forma com uma profissão que nos contagiou e nos estimulou a ir por aquele caminho. O professor precisa ter um envolvimento verdadeiro com o que trabalha. Se ele realmente gosta do que faz, é um professor que certamente tem menos problemas de relacionamento com os alunos.

A primeira vez que tive uma experiência de ensino foi quando vi, num semáforo, nove crianças que estavam pedindo dinheiro. Perguntei a elas por que ficavam ali pedindo dinheiro e também perguntei se estavam na escola, ao que responderam que não. Comecei a trabalhar com elas. A primeira coisa que me perguntaram é se ia ter bolacha. Então eu levava bolachas, a gente discutia, conversava, eu tocava violão para elas, contava histórias, ouvia música, desenhava, pintava... E depois de um tempo, uma dessas crianças olhou para mim e disse: “Nossa, que legal fazer isso!”. O olhar daquela criança, que é o olhar dos alunos em geral, é o que me deixa motivado. É o que faz você perceber que pode ser alguém que está ajudando o outro sem esperar, necessariamente, algo em troca no sentido imediato. Mas você percebe que está marcando uma relação como outro, que lhe pode ser importante futuramente.

O que me empolga de trabalhar como professor é estar no meio de pessoas. O professor precisa gostar e se preocupar com as pessoas. Por alguma razão, ao me preocupar com aquelas crianças, naquela época em que eu era jovem e não tinha nenhum interesse em ser professor (eu pensava em ser escritor), por conta dessa experiência eu percebi que seria professor.

A questão salarial é importante porque permite que pessoas mais bem qualificadas venham para essa profissão. Embora não seja o único fator, um salário bom atrai o profissional. Por isso a questão salarial é importante, mesmo não sendo determinante.

Acho que a relação professor-aluno é o grande motivador do professor. Se ele sente prazer nessa relação, vai ser um professor motivado, porque vai se comprometer com aquela criança, aquele jovem. Eu acho que o professor tem que “vestir a camiseta” do aluno, tem que estar do lado dele, entendê-lo, procurar se aproximar o máximo possível e ser amigo. E o aluno percebe isso. Quando o professor gosta do que está fazendo, ele se torna extremamente fascinante aos olhos dos alunos. A relação “apaixonada” do professor com o que ele trabalha e a forma generosa com que ele trabalha com os alunos é muito legal.

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